Pra quem não conhece, Fernando Ortega é quem administra o blog Não Morda a Maçã. Esta é a primeira parte do testemunho dele, que por sinal tem uma ligação com o tema deste mês. Leiam, e pros curiosos, o link deste post e do restante está lá embaixo.
O Início
Nasci na capital Santiago do Chile. Fiz a pré escola por lá mesmo. Agente tinha q usar gravata e sapato para ir a escola! Heheh!! Lembro-me de ser um país muito bonito. Minha avó tinha uma parreira no quintal e eu amava ir comer uvas na casa dela!
Foi lá q aprendi a andar de bicicleta! E como não sabia fazer a curva, eu me jogava na grama para parar a bicicleta! Hahahah! Cômico!
Lembro tb de um dia estar na casa de meu avô e um assaltante bater com a arma no vidro da janela mas, qndo me viu, foi embora. Pelo menos o bandido tinha consciência! Hehe!
Mas as melhores lembranças q tenho, são dos momentos de lazer. As vezes consigo sentir a mesma emoção q tive qndo fui pra praia com meus pais…. aquela brisa, o cheiro da praia, o sol, o barulho do mar…… qndo sinto isso, eu fecho os olhos e aproveito essa emoção.
Sonho em um dia voltar lá junto com a Fran. Pra mim será uma emoção muito grande!
A Chegada no Brasil
Vim para o Brasil no dia 17/02/1990. Entrei no Brasil com meus pais e meu irmão. Na época tinha 6 anos. É incrível como consigo lembrar de tanta coisa com pouca idade! Lembro de uns techos da viagem. É muito bonito!
Agente ia na igreja! Me lembro q aos 6-7 anos, no meio do culto, falei para meu pai: “Pai, quero cantar uma música lá na frente!”
E o q aconteceu?? Meu pai falou com o pastor e ele deixou!!!!! O SENHOR já começava a revelar meu chamado! Maluquice pura!
A separação – Pais
Já em 1991, meus pais se separaram e não iamos mais a igreja. Meu irmão e eu fomos morar com minha mãe em uns fundos de um restaurante chileno aqui de SP.
A casa era de 1 cômodo e abrigava quarto, sala e cozinha sem separações.
Eu estudei a 1 e a 2 série enquanto morava com minha mãe. O q destruia meu coração era chegar em casa às 19h, ter q passar pelo meio do restaurante todo apagado e vazio, andar até os fundos dele para chegar em casa e não encontrar ninguém. Chorava muito pq minha mãe sempre saia e eu chegava no meio daquela escuridão em casa. O escuro sempre apertava meu coração.
Certa noite, fui ao cesto de roupa suja e peguei uma camiseta dela pra abraçar e sentir seu perfume. Depois de muito chorar, dormi abraçado com ela….. era um meio de me sentir protegido….
Sinceramente, eu nem lembro da separação dos meus pais, era muito novo para entender o q estava acontecendo, mas sofri muito com as consequências dessa separação. Não falo em relação a não ver mais meus pais juntos, mas sim com relação as minhas emoções e sentimentos. A criança sempre acha q é culpa dela….
Idas e Vindas…
Depois de um tempo, fui morar com meu pai. Ele morava com uma mulher (Silvana). Lembro-me perfeitamente do 1º dia q a vi ao chegar na casa do meu pai.
Passei um tempo lá no meu pai até q um dia ele foi viajar a trabalho. Nesse espaço de tempo minha mãe foi me buscar lá. Então novamente fui morar com ela. Mas agora foi a vez da minha mãe viajar. Ela foi para o Chile e me deixou com uma mulher q vendia artesanato na entrada do restaurante.
Isso foi no fim do ano e essa mulher foi vender na praia. Obviamente, fui junto.
Fomos para Ilha Bela e dormiamos em uma barraca num camping. Eram 5 pessoas no total.
Enquanto a mulher vendia os artesanatos eu andava sozinho pelas ruas de madrugada (já q o maior movimento era nesse horário devido as férias). Graças a DEUS, não aconteceu nada comigo.
Quando voltamos de lá, foi a vez de meu pai me pegar e me levar embora. Então voltei a morar com meu pai.
Trabalhos
Enquanto morava no restaurante, eu “cuidava de carros”. A pessoa estacionava o carro e perguntava: “Tio, posso tomar conta do carro?”
O restaurante funcionava de sexta e sábado de madrugada (23h-06h) e de domingo a tarde. Eu ficava na rua com uns amigos cuidando desses carros. Faziamos uma fogueira e ficavamos conversando.
Outra forma de levantar um rico dinheirinho, foi vendendo sorvetes. Peguei uma caixa de isopor emprestada, fui numa fábrica e comprei alguns sorvetes. Dai saia com uns amigos pelas ruas gritando: “Ó o sorvete, cremoso e gelaaaaaaado!!” Hahahaha! Mas acho q consegui vender só uns 3 a 5 sorvete pq o resto eu chupei tudo!!! Hahahaha! Minha vida de empresário foi por água a baixo! Cué!
A separação – Família
Não estou muito bem recordado do ano mas, por volta de 1993-1994, minha mãe estava indo para o Chile em definitivo e levaria meu irmão. Ela me incentivou bastante para ir com ela, mas eu acabei não indo. Lembro-me perfeitamente do dia q vi meu irmão e minha mãe pela última vez…. Meu coração pesava muito. Não foi facil vê-los indo embora….
Fiquei então com meu pai e minha madrasta.
Deixado para trás?
Em 1998 estavamos passando por uma crise financeira em casa e meu pai resolveu conseguir dinheiro no exterior. Então saiu de casa para viajar. Na época eu tinha 15.
Essa é uma idade onde mais um adolescente precisa de seus pais e eu não tinha os meus por perto….
Essa viajem durou 2 anos sem noticias nenhumas……. ele voltou, ficou 1 semana e viajou de novo. Mais uma vez, eu me sentia abandonado por meus próprios pais.
Frutos de uma história escrita pelo diabo.
Vejo claramente q quando minha família deixou o SENHOR, o diabo começou a escrever a história dele em nós: Separaração, tristezas, dores….. e na minha ele adicionou outras características: abandono, rejeição, desprezo……
Se em minha infância era uma criança muito feliz, amorosa e brincalhona, em minha adolescencia comecei a mergulhar em uma outra personalidade. Era fechado, não me abria com ninguém, não fazia amigos facilmente, não sentia carinho por ninguém! Meu coração traduziu algumas atitudes q meus pais fizeram como rejeição. Pensava: “Meus pais me abandonaram! Eles não me amam! Se eles q me geraram não me amam, quem vai me amar????”
Meu coração então montou uma “capa de proteção” para não sofrer mais. Dessa forma, eu não tinha sentimentos de carinho por ninguém, pois se eu havia amado meus pais e não tinha sido correspondido, quem me corresponderia? Em quem poderia confiar???
Meu coração se protegia de qqer tipo de emoção justamente para não provar a dor da rejeição e abandono novamente.
Lembro q um dia, eu não fui escolhido para o time de futebol, tinha q ficar na reserva. Minha garganta deu um nó, queria muito chorar. Pq? Pq embora seja algo simples, eu estava experimentando mais uma vez o gosto da rejeição. Aquilo era muito amargo para meu coração.
Esse sentimento me impedia de chegar e conversar com as pessoas. Tinha medo de ouvir: “Quem é vc muleque???”
Evitava qualquer coisa me aproximasse mais uma vez do gosto da rejeição. Por isso me tornei fechado, ria pouco, pouco falava e não tinha nenhum sentimento por alguma pessoa. Era frio.
“Basta! Agora é miha vez de escrever!”
Parecia q vivia em um casulo frio. O diabo estava escrevendo minha história e as palavras chaves eram abandono rejeição e medo.
DEUS tinha começado a escrever de uma maneira linda! Como disse, aos 6-7 anos, o SENHOR já mostrava o meu chamado ao cantar diante da igreja! Estava tudo indo maravilhosamente bem até q por algum motivo, meus pais sairam da igreja e depois se separaram. Essa separação já trouxe um impacto em meu coração. Depois, minha mãe me abandonou com uma mulher, idas e vindas de meus pais, o retorno da minha mãe e irmão para o Chile e finalmente sofrendo por sentir ser abandonado por meu pai, meu último vinculo sanguineo no Brasil.
Até q em 25 de julho de 1999, o SENHOR disse: “Basta! Agora é minha vez de escrever!” Através de seu precioo sangue, ELE começou a apagar o q o diabo tinha escrito e voltou a escrever de onde tinha parado! O q faço na igreja hoje? Ministro louvor! Esse é o chamado q desde antes de nascer o SENHOR tinha pra mim e é isso q ELE tem cumprido em minha vida!
Sei q em todo este tempo, seja andando nas ruas de madrugada, cuidando de carros ou vendendo sorvete, o SENHOR sempre esteve de mãos dadas comigo! Sei q nas madrugadas q chorava ele estava comigo também.
Eu já perdoei meus pais e os amo! Embora não viva com eles, eu os amo. Meu pai virou missionário e tenho falado de JESUS para minha mãe. Vivo com minha madrasta (q na verdade é BOAdrasta). Nosso relacionamento é de mãe e filho! Ela é simplesmente DEMAIS!!!
PAPAI já apagou muitas marcas! Sou completamente uma nova pessoa! Rejeição, abandono, dor, medo já não fazem parte de meu vocabulário emocional! O SENHOR tem sido absurdamente bom comigo! Muita coisa foi completamente transformada em minha vida e é exatamente sobre essas transformações q eu quero começar a escrever!
Texto por: Fernando Ortega
JUMP to Jesus!
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